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O futuro do trabalho

Há os que acreditam que a tecnologia coloca em risco o trabalho de muita gente e, na mesma medida, quem defende que os empregos continuarão existindo, mas com outras características e perfis. 

O fato é que as duas correntes estão certas. Há, sim, uma série de atividades que estão ameaçadas pela robotização e outras que, por conta dela, serão mantidas ou criadas. Alguns especialistas lembram que, neste segundo grupo, estão principalmente os empregos que não podem ser feitos por robôs, e muitos não podem.


Isso porque há várias coisas que robôs não podem fazer. Em um vídeo recentemente divulgado pela Keep Learning School (veja aqui), o físico Michio Kaku, explica que robôs têm a visão muito ruim. Eles veem linhas, quadrados, círculos, mas não entendem que estas formas representam uma imagem, como uma cadeira ou um copo.

Além disso, Kaku lembra que robôs não têm senso comum, logo, não entendem o comportamento humano ou o mundo, o que significa que eles não sabem que a água é molhada ou que as cordas podem ser puxadas, mas não podem ser empurradas. Por conta destas peculiaridades, alguns empregos vão prosperar e outros serão destruídos.


Entre os que serão destruídos, estão incluídos todos os trabalhos que sejam manuais e repetitivos, como os executados hoje nas indústrias automotiva e têxtil. Por outro lado, os empregos manuais e não repetitivos devem prosperar, e aqui estão profissionais como lixeiros, jardineiros, policiais e profissionais da construção civil. Cada um desses trabalhos é diferente a cada job, e por isso eles vão sobreviver.


Dentro dos escritórios também, há os que serão eliminados – basicamente os chamados intermediários, como caixas, contabilistas etc. – e os que serão beneficiados, mais especificamente aqueles que, segundo Kaku, se engajam no capitalismo intelectual, que é aquele que envolve habilidades como criatividade, imaginação, liderança e análise.

Para este segundo grupo, a tecnologia não é uma ameaça, mas uma forte aliada. Imagine um profissional que consegue executar o seu trabalho e, ao mesmo tempo, comandar equipamentos com a voz. Soluções baseadas na tecnologia ASR (Automatic Speech Recognition) foram desenvolvidas para permitir o reconhecimento automático da fala, o que significa comandar equipamentos eletrônicos utilizando apenas a voz. Nas mãos de um profissional criativo, uma solução ASR certamente se transforma em uma ferramenta poderosa.

Outro exemplo vem de outra tecnologia, a TTS (Texto to Speech) que faz o caminho inverso, transforma o texto em voz. Sua aplicação prática permite, por exemplo, que o computador de um profissional “leia” para ele textos da internet ou, ainda, de e-mails ou de qualquer outro documento escrito. Mais uma vez, aliada à criatividade, uma tecnologia como esta pode se tornar uma ferramenta de comunicação e produtividade tremenda. Já pensou nisso?
Se não pensou, é bom que o faça. Em seu vídeo, Kaku comenta que, certa vez, Tony Blair, quando ainda era o primeiro ministro da Inglaterra, revelou que aquele país recebia mais receitas da indústria do rock do que do segmento de mineração de carvão. Isso acontece, e vai acontecer cada vez mais, porque vivemos hoje na transição do capital baseado em commodities, como o carvão, para o capital intelectual, como o rock.